The 100

by - setembro 24, 2018

Hey people, hoje vamos falar sobre uma série muito curiosa. Vamos ?


Você gosta de histórias sobre futuros pós apocalípticos? Então, prepare-se para conhecer “The 100”Este texto vai conter alguns spoilers e foi feito para aqueles que já assistiram a série. Então, se você ainda não assistiu e ainda pretende, é melhor não ler. Assiste lá primeiro, depois você volta para conferir aqui as nossas opiniões, mas se spoilers não te incomodam, fique à vontade para ler. Boa leitura. 

 The 100 é uma série americana distópica de ficção científica baseada no livro homônimo de 2013 escrito por Kass Morgan. A série foi desenvolvida por Jason Rothenberg e lançada em 2014 pelo canal The CW contendo até agora cinco temporadas, sendo que a quinta estreou agora no dia 24 de abril de 2018. Aqui no Brasil foi exibida primeiro pela MTV mas, agora é transmitida pela Warner Channel que ainda não se pronunciou sobre a estréia aqui no Brasil da quinta temporada. Na Netflix a série foi renovada para a quarta temporada. 

O povo do Céu está caindo 


A história de “The 100” conta o que aconteceu com a Terra cem anos depois de uma guerra nuclear que deixou o planeta inabitável por conta da radiação. Contudo, existe uma grande estação espacial que ainda contém dezenas centenas de pessoas que conseguiram escapar do Apocalipse radioativo. Agora, com uma crise interna dos recursos de suporte de vida se esgotando, os líderes da estação “ARCA” decidem enviar um grupo de cem jovens criminosos para a Terra a fim de prolongar o suprimento de oxigênio e ainda descobrir se o Planeta já pode ser habitável novamente e assim encerrar a crise de sobrevivência da arca enviando todos os tripulantes da estação espacial para a Terra. No entanto, coisas inesperadas acontecem tanto na Terra quanto na estação dificultando a sobrevivência de todos que agora precisam correr por suas vidas. 

Estamos ficando sem Ar aqui em cima 


The 100 com certeza é uma ótima série para passar o tempo e garantir diversão e suspense. Os fatos dos episódios prendem a sua atenção e congelam você no sofá até que toda ela seja maratonada. Existem problemas filosóficos que envolvem os personagens que os forçam a tomar decisões morais difíceis e encarar as consequências dessas decisões. A série explora questões de diversidade cultural, xenofobia, tecnologia e religião de forma bastante inteligente.  
É muito interessante ver vários núcleos funcionando ao mesmo tempo com planos de fundo da história regendo todos eles. Muitos perigos cercam os personagens a todo instante e alguns problemas são apresentados juntos forçando os personagens a se dividir para resolvê-los, e a cada temporada a ameaça fica maior e mais complicada.  

Os finais felizes não são colocados para nós pelos produtores se eles não acharem que é realmente necessário. As decisões morais dos personagens sempre nos surpreendem e nos pegam de surpresa e são completamente consistentes com a temática do enredo.   
Apesar dos clichês e estereótipos que são envoltos em inspirações de conceitos de outras obras, The 100” consegue chegar lá e entregar o que se propôs a fazer. A crítica especializada no geral avaliou muito bem a série que possui uma proposta de drama adolescente no início, mas esse é só o estopim para o desenvolvimento das temporadas seguintes e essa transformação é muito bem-vinda ao telespectador.  


Alguns pontos me lembraram demais outras obras, como lance das pessoas ficando apáticas por estarem sendo controladas é muito similar ao filme “Invasores” de 2007 e as I.A.’s colocadas na nuca me lembraram muito das almas do Filme/livro “A Hospedeira”. Fora o Apocalipse nuclear causado por A.L.I.E que é idêntico ao “Dia do Juízo Final” da saga de “O Exterminador do Futuro”. Além de outros clichês feijão com arroz de séries desse segmento. Entretanto, nada disso consegue tirar os méritos de the 100 que é ótima e consegue envolver esses conceitos em histórias novas e deixam quem assiste na expectativa do que acontecerá a seguir.  

Quanto a atuação, ela nem sempre convence em alguns casos, causando um pouco de vergonha alheia, mas no geral os atores entregam um bom trabalho e eu dou destaque na diferença de personalidade da atriz Erica Cerra que consegue dar uma interpretação diferente para Alie e Becca. A carga emocional de outros personagens parece mudar drasticamente depois de algum tempo e isso é o que se espera que realmente aconteça. Como o caso do pobre Jasper (Devon Bostick) depois da perda da namorada. A evolução de outros como: Lincoln (Rick Whittle), Octavia (Marie Avgeropoulos) são muito boas. Os vilões são daquele tipo que nos fazem sentir ódio e desejar suas mortes toda hora em que aparecem, no entanto, alguns personagens conseguem nos cativar em alguns momentos, mas em outros nos deixam com raiva das suas atitudes.  


Apenas o nome dá série poderia ter sido melhor escolhido, uma vez que ele só funciona e faz sentido para a primeira temporada. Aquela premissa do início é até mesmo esquecida totalmente, então acho que o título poderia ter sido outro. Mesmo que aquele conceito que tenha dado corda para todo o resto.  

Em alguns momentos a série perde o ritmo e se arrasta um pouco, fora que alguns fatos não são muito realistas em absoluto. Alguns exemplos é a naturalidade de adaptação das pessoas da Arca na Terra que deveriam apresentar mais dificuldades para isso. Além de que eles parecem não comer e arranjar comida parece ser uma necessidade fugaz e sem importância, tendo tido uma pequena relevância na primeira temporada.   

Mesmo assim, é valido lembrar que sempre haverá problemas de construção em qualquer série ou filmes, etc. No entanto, isso não faz com que “The 100” deixe de ser uma série incrível sendo uma das melhores que eu já assisti.

Abordagens Atuais em The 100 


Os pontos propostos em “The 100” possuem algumas questões muito interessantes que merecem a nossa atenção sempre. Questões como sexismo, racismo, xenofobia entre outros são abordados de forma muito inteligente. Lexa, a líder dos trikru é lésbica e mulher e isso parece não ter importância alguma para os personagens. Eles a reconhecem por sua força e inteligência para liderar. Aliás, a diversidade sexual é algo tratado com tanta naturalidade que mostra que essas questões morreram junto com a civilização no Apocalipse radioativo. A própria protagonista, Clarke, é bissexual.  
Na história da série as pessoas não são tratadas por sua cor de pele ou opção sexual. São apenas pessoas. Existem pessoas negras, brancas, asiáticas, mestiças, velhas novas e os vilões e mocinhos estão misturados nessas classes mostrando que essas condições não determinam quem somos. O que somos por dentro e as nossas escolhas são o que nos definem. Isso na verdade nem é mencionado em momento algum. A cor da pele ou idade, ou opção sexual parece nem ser um conceito secundário. Apenas não tem importância.  


A série ainda mostra que algumas pessoas nasceram deformadas por causa da radiação e elas sofrem discriminação por isso. Demonstrando que as pessoas podem ser cruéis com aquilo que não entendem ou não sabem lidar. Contudo, essa questão é trabalhada na série e até esses personagens ganham destaque como o caso de Emori (Luisa D’Oliveira). As mulheres podem ocupar lugares de força e politicamente elevado e nada é dito sobre elas serem mulheres. Apenas se são capazes ou não como pessoas para liderar. Aliás, a vontade de se preocupar com o que os outros fazem na cama fica de lado quando outras necessidades mais importantes precisam ser sanadas. Como sobreviver por exemplo. Todavia, a série não monta um protesto ou faz “mimimi” sobre isso. Apenas trata essas questões como nós deveríamos fazer, de forma natural e comum.  

Outras coisas que a série tenta trazer reflexão são sobre as questões de guerra e perigo nuclear. As tensões políticas atuais em determinadas partes de mundo e nas implicações para todos e o cuidado que se deve ter para com essa questão de paz tão delicada. O egoísmo e ganância das pessoas que pode provocar danos irreparáveis da estabilidade do nosso planeta que é tão frágil se pararmos para pensar. Esse mundo que temos é uma jóia e não vamos achar outro igual (Interestelar).  

Ainda existe a questão de Alie, a inteligência artificial que terminou por destruir o mundo por considerar que existiam pessoas demais. Ela concluiu que para a sobrevivência de toda a humanidade era necessária a redução da população mundial. Existe realmente um perigo em se lidar com inteligência artificial? É um conceito recorrente em ficção científica e sua capacidade de se auto aprimorar poderiam ser um perigo para nós. Eles poderiam tomar decisões além da lógica e considerar noções morais?  


O fato é que isso deve ser tratado não como “se”, mas “quando”. Pois, existem estimativas que nos dizem que no futuro isso será uma realidade palpável. Nós não sabemos como uma I.A. irá se comportar se puder evoluir. Se nós sequer poderemos compreender seu raciocínio ou se poderemos prever suas decisões. No entanto, não devemos interromper o avanço científico, apenas ponderar maneiras de torná-los sempre seguros para todos.  

Apesar dessa questão, alguns podem dizer que a lógica de Alie não é de todo errada. Afinal, nós promovemos guerras, destruímos o meio que nos é vital para sobreviver e somos a única espécie neste planeta que mata sem motivos de sobrevivência e o faz com os membros da própria espécie. Não é novidade que a natureza está nos dando recados da bagunça que estamos fazendo por aqui e que nossas ações desmedidas um dia irão nos custar caro.  



Todos esses assuntos estão presentes em The 100 e isso é muito importante. Os produtores estão de parabéns pelo desenvolvimento desses assuntos não demonstrando estar tentando promover uma revolução e nem estabelecer bandeiras. Apenas aborda temas que deveriam ser naturais para nós que assistimos nos fazendo refletir sobre eles.  

Yu gonplei ste Odon 



Depois de muito tempo, o povo que ficou na Terra enfrentando a radiação e todos os perigos por aqui, desenvolveu um idioma novo depois de algumas décadas. Ele é o trigedasleng e é apenas falada, não possuindo um sistema de escrita. Dá para notar que o trigedasleng é muito acentuado do inglês e parece ter sido originalmente um sistema de código das pessoas que tiveram que enfrentar o apocalipse nuclear. Esse idioma é falado principalmente pelos trikru (povo das árvores). Eles também conhecem e utilizam o inglês moderno principalmente se estiverem falando com os skaikru (povo do céu). O nome do idioma significa linguagem do "povo da floresta", mas esse termo nunca foi usado na série. Alguns dos habitantes da arca que vieram para a Terra aprenderam o idioma, como Octavia BlakeMarcus Kane e Clarke Griffin 

O idioma foi desenvolvido para a 2ª temporada de The 100 pelo linguista David J. Peterson, que também fez os idiomas Dothraki e Valyrian de “Game of Thrones que a desenvolveu para ser a língua falada principalmente pelos clãs nativos do Atlântico médio, conhecidos como Grounders (terrestres, ou terráqueos).


Desenvolver uma língua para séries e livros é algo muito inteligente. É necessário um conhecimento um pouco maior de idiomas, fonética e estrutura do idioma. Ele sempre vai precisar se basear em um idioma já existente e pode ou não se distanciar muito do original. Esse é o tipo de coisa que atrai fãs para essas mídias, pois passa uma impressão de complexidade e profundidade da obra. Exemplos como os idiomas da Terra-Média presentes nas obras de Tolkien são um grande exemplo disso. São idiomas inteiros que podem realmente ser aprendidos e falados. Outros como os já citados em game of thrones, a língua antiga em Eragon” (The Inheritance Cycle)Kinglon de “Jornada nas Estrelas” entre outros terminam se transformando em elementos recorrentes e fortes da cultura Pop.  
Alguns são mais complexos do que outros como o Quenya e o sindarin de “O Senhor dos Anéis”, mas, são sempre fascinantes de acompanhar os personagens falando. É muito chique e se prova muito divertido. Essa construção se tornou muito interessante em “The 100” e é com certeza um ponto positivo. Deixou a história mais convincente. Em especial a do povo da Terra. 

Curiosidades 


  • Echo que foi salva por Bellamy no episódio 2×15 é da Nação do Gelo 

  • O vídeo que o Murphy estava assistindo no farol no episódio 2×16 era de 10/05/2052. 
  • Inicialmente Lexa iria se chamar Rosslyn 

  • Lexa era a segunda da Anya até descobrirem que ela era a reencarnação. Depois disso Anya passou a ser mentora dela.  

  • Wanheda” significa “Comandante da Morte”.

  • Clarke e lexa tiveram muitas conversas que não temos conhecimento.  
  • Mount Weather existe de verdade. Se trata de uma base de operações que está preparada para colocar em prática procedimentos de emergência no caso de que os Estados Unidos sofram um ataque nuclear, sejam atingidos por um meteoro de grandes proporções ou sofram algum terremoto, tsunami ou qualquer catástrofe que desestabilize o país.  
  • Os grounders escolhem a comandante por reencarnação. A Anya não era a comandante antes da Lexa como muitos pensam.
  • Antes da Lexa unir os clãs eles brigavam entre si.
  • Grounders não comemoram aniversário.
  • Existem grounders loiras. 
  • Octavia e Bellamy são filhos de pais diferentes. Existe uma suspeita de que o pai de Bellamy seja o Marcus Kane 
  •  As 12 nações eram: Brasil, Canadá, França, China, Índia, Japão, Russia, Reino Unido, Estados Unidos, Uganda e Venezuela.
  •  Jasper iria morrer no piloto.  
  •  Costia foi o primeiro amor da Lexa
  •  Clarke é bissexual. 
  •  Clarke era uma aluna nota A na Arca.
  •  No livro os pais da Clarke se chamam: Mary e David.
  •  Na sala dos escritores de The 100 tem um memorial (fotos na parede) para os personagens que já morreram. 
  •  Lexa é mais velha do que Clarke.  
  •  Existem muitas referências bíblicas na história. Como a arca, o módulo êxodo, a travessia do deserto em busca da Cidade da Luz entre outras 
  •  A 1ª temporada para os cem durou 29 dias. 


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Escritor: Thiago de França
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