Especial As Crônicas Vampirescas de Anne Rice (Parte 1)

by - agosto 20, 2018

Hey People, Hoje abriremos o especial de duas partes sobre os filmes baseados nos livros de Anne Rice. Começando pelo belíssimo Entrevista com Vampiro. Vamos Lá? 

"Sou de carne e osso, mas não sou humano, e já não sou humano a 200 anos!"


(Full Spoilers)

Eu vou te dar a escolha que eu nunca tive

Saídos das sombras profundas da noite, os vampiros sempre causaram temor e fascínio nas pessoas. Uma das criaturas das trevas mais representadas nas artes, na literatura e desde o século passado também no cinema. Os livros de Anne Rice são um ótimo exemplo do porque esses monstros são tão retratados nas mídias por tanto tempo.

As lendas envolvendo vampiros remontam a pré-história, passando pelo Antigo Egito e Grécia, mas foi só no começo do Século XIX na Europa Oriental que tais entidades ganharam mais notoriedade assombrando o imaginário das pessoas desde então. Nesse Especial falaremos um pouco dos filmes “Entrevista com Vampiro” do diretor Neil Jordan de 1994 e sobre “A Rainha dos Condenados” dirigido por Michael Rymer de 2002, ambos inspirados nos livros da escritora Anne Rice de uma série chamada “As Crônicas Vampirescas”. Então, se você gosta de ótimos filmes sobre vampiros, fica aqui com a gente e acompanhe os abraços e mordidas. Este texto contém spoilers tanto dos filmes quanto dos livros, então, se ainda não consumiu essas mídias, confere lá antes de ler aqui, ok? Então vamo .

Entrevista com Vampiro


Estrelado por Tom Cruise Brad Pitt, Antonio Banderas, Christian Slater e Kristen Dunst distribuído pela Warner Bros, este excelente filme se tornou um clássico do gênero. Teve seu lançamento em novembro de 1994 e foi produzido por David Geffen e dirigido por Neil Jordan. Teve críticas favoráveis na época de seu lançamento e se tornou um dos mais adorados filmes de vampiro nos dias de hoje.

A história conta como o jovem Louis de Pointe Du Lac interpretado pelo querido Brad Pitt se tornou um vampiro depois de seu encontro com o Lestat de Lioncourt (Tom Cruise) por quem foi transformado no Século XVIII. O longa segue com o conflito entre Lestat e Louis por conta da atual condição de imortal de Louis que sofre pelo que se tornou a despeito da opinião de Lestat que acredita ter dado ao amigo a maior dadiva que existe. Louis então se aflige e busca pelo significado de sua existência amaldiçoada ou por alguém que tenha as respostas e um significado para tudo o que lhe ocorreu.


Este é um exemplo daqueles filmes que são imortais, se me permite o trocadilho.
É um filme que todos os fãs de cinema deveriam assistir na minha opinião. Tudo nesse filme é sem igual começando pela ótima atuação que foi sensacional. Tom Cruise surpreendeu como Lestat. Ele estava absolutamente à vontade no papel sendo natural como se tivesse esquecido que estava num filme. Brad Pitt como o melancólico Louis também estava muito bem, mesmo que não seja segredo que ele ficou descontente com o longa na época. Todas as atuações merecem destaque, mas talvez a que mereça melhor nota seja a atuação de Kristen Dunst no papel de Claudia. A menina era mimada e tempestuosa, mas seus momentos de ternura eram apenas sublimes.

O figurino e as ambientações eram lindas e fidedignas em total. A maquiagem dos vampiros ficou perfeita. Mesmo quando os atores estavam molhados ou em locais mais escuros. Os efeitos não eram muito presentes, mas o que lá estavam eram muito satisfatórios para a época. A escolha da trilha sonora é impecável e empregou um ar de sofisticação as tomadas. Esse é um filme cult desde o seu lançamento, acredito eu. Traz reflexões existenciais muito boas e importantes vividas por todos os personagens que refletem muito da personalidade humana.


A narrativa é mais concentrada com um ritmo melhor do que no livro que pode cansar um pouco por ser rebuscado demais. As interações dos personagens têm diálogos poéticos inconfundíveis que colocam questões com temas como sexo, autocontemplação, vida e morte de uma forma tão sutil, mas ao mesmo tempo tão verdadeira que transparece uma realidade para o telespectador. Quase sentimos que aqueles personagens são inspirados em pessoas históricas devido à natureza de época do filme.

As diferenças com o livro existem, é claro, mas como eu gosto de pensar, isso não é algo ruim se não desvirtuar a história. O Lestat de Tom Cruise é muito fiel ao do livro. A escolha do ator para esse personagem foi um acerto no alvo sem dúvidas. Até o último momento é um primor ver Tom Cruise atuando. Ele com certeza deve ter orgulho do Lestat que interpretou no cinema.


Entrevista com Vampiro ainda fincou outros marcos além de ser um cult. Ele ainda foi o primeiro filme LGBT a ser considerado um clássico e em uma época em que esse era um tema mais complicado de se abordar nas telonas. A relação de Louis e Lestat deixa no ar questões sobre o seu envolvimento um com o outro além de amizade o que quase fez com que Anne Rice que participou da produção e direção do longa mudasse o roteiro fazendo Lestat ser uma mulher para amenizar essa questão. Apesar de que isso é apenas sugerido no filme. Não acontece nada de mais entre os dois. Além do mais, não houve qualquer polemica sobre isso na época.



As metáforas também são um recurso do filme para abordar questões sociais interessantes, presentes na época e que tem relevância até hoje como a indiferença das pessoas pelas mortes de pobres e escravos cometidas pelos vampiros. Isso é muito obvio para quem leu os livros, dado as alterações feitas no início da história de Louis. E com a condição de vida humana dos mais pobres a mercê da doença e todo tipo de infortúnio além de total desconsideração da sociedade.


O Mal é um Ponto de Vista


A premissa de “Entrevista com Vampiro” é esta: Um repórter aborda um estranho que considerou interessante num beco para uma entrevista, pois segundo ele, gosta de “colecionar história” e entrevista muitas pessoas diferentes. Ele pretende registrar a entrevista como sempre faz, com seu gravador toca fitas e as coloca para gravar. No entanto, o entrevistado revela que já sabia que era seguido pelo repórter e que na realidade era um vampiro imortal que estava desejoso daquela oportunidade tanto quanto o repórter.

Depois de dar provas de sua condição imortal amaldiçoada surpreendendo o repórter com tal revelação, o vampiro que se chama Louis de Pointe Du Lac que viveu no Século XVIII quando foi transformado por Lestat de Lioncourt aos 25 anos de idade. Louis (pronunciasse Louí, em francês) então conta sobre a perda de sua esposa e filha que faleceram durante o parto e de como a sua melancolia o consumia mesmo em sua abastada propriedade.



Lestat é descrito por Louis como tendo uma beleza estonteante e alcalina só comparada ao quanto era efusivo, atroz e negligente na hora de se alimentar e matar. No entanto, não creio que seja assim tão preto no branco, pois Lestat é um daqueles anti-heróis que cativam nossa empatia. Não é possível em absoluto sentir raiva de Lestat. Até divertido ele se mostra mesmo que de uma forma errática.

Já Louis é tristonho e fechado. Algumas pessoas que tiveram conversas comigo acharam que ele reclamava demais. Claro, que a tragédia e a dor inundavam o passado de Louis, mas um personagem tão sério e moroso não consegue que nos conectemos com ele. Diferente de Lestat, a amargura e a solidão corroeram o ser de Louis, sendo mais amenizado com a chegada de Claudia. Apesar de que o fato de a ter matado e transformado o assombrava.




Claudia por sua vez era bela como uma boneca, eternamente inocente e eternamente jovem. Não compreendia muito do mundo em que vivia no início, pois foi transformada muito jovem em sua tenra idade. Claudia era feroz e matava tão indiscriminadamente quanto uma criança mortal se interessa por doces. Anne Rice descreveu com grande propriedade o que seria uma criança imortal. Sempre indisciplinada, mimada e cruel. Com o passar dos anos sua mente se desenvolve, mas seu corpo continua igual. Kristen Dunst passa em sua performance o quão angustiante e aprisionador isso deve ser.

Antonio Banderas fez uma boa atuação, apesar de que o vampiro Armand ser bem mais jovem nos livros e bem mais delicado do que Banderas. Ele também tem uma participação um pouco mais relevante nos livros além infelizmente de não ter sido adaptada a conversa que é mostrada entre ele e Lestat.


O filme entre outras coisas tenta levantar a dúvida que envolve os vampiros. Eles realmente são malignos? Nós mortais nos alimentamos de outros seres “mais fracos” que consideremos inferiores, e de fato os consideramos comida. Os vampiros de Anne Rice demonstram a loucura, o medo, a tristeza, o deslumbramento e todos os outros sentimentos tão humanos quanto a fome, a paixão e a luxuria que tanto nos governam.

Faz tempo que não vemos histórias contadas do ponto de vista do mocinho, onde o vampiro era um monstro do Inferno como qualquer outro que serve ao diabo e só se interessa em tirar vidas para se alimentar. Depois de Drácula de Brom Stocker, os vampiros começaram a ganhar mais camadas e se alguns foram se tornando um meio termo de homem e monstro até permeando o imaginário feminino. Para que um príncipe encantado engomadinho se pôde-se ter um vampiro malvado chupador de pescoços?




A mitologia dos contos de Rice é fascinante. Como uma versão dos vampiros bem única, mas com algumas características clássicas. Para se tornar um vampiro, era necessário chegar à beira da morte tendo seu sangue todo drenado, depois ingerir sangue de vampiro. Seu corpo então começa a morrer e logo ressuscitará como um vampiro.

Vampiros são seres preternaturais que transcendem as vicissitudes da mortalidade e entropia do corpo e não estão mais sujeitos a perecibilidade da vida humana e sua única necessidade física é quanto à alimentação. Seu intelecto também se torna mais elevado fazendo com que o seu desejo seja regido pelo intelecto do outro. Os vampiros de Anne Rice ainda são mais sensíveis a certas questões e alguns deles são profundamente conectados a alguns sentimentos como o desejo de respostas de Louis que o leva a viajar todo o mundo em busca de respostas sobre a existência de sua classe. Ou como a sede de conhecimento de Lestat (isso fica mais evidente no livro).


Os vampiros não temem o alho, ou os objetos sacros e nem a luz artificial. Assim como também não podem ser destruídos por estacas de madeira. Apenas o sol e o fogo parecem dar fim as suas vidas eternas e beber o sangue dos mortos os entorpece por um tempo. Ao que parece eles também não podem sugar o sangue de uma vítima até a última gota, ou a sua alma se perderá com ela. Podem sobreviver do sangue de animais e alguns deles possuem poderes como ler mentes por exemplo.
O filme é muito sombrio, mas detalhado com características elegantes muito bem trabalhadas. O esmero com o qual foi tratado é excelente. Quem dera tivéssemos mais produções como essa. Que é feita além do entretenimento, aproximando-se da arte com profundidade.

Existe algo de atrativo em filmes como esse. Algo tanto de sombrio, como de deslumbrante. Isso é tão verdade, que ouve um caso nos Estados Unidos onde um jovem tentou matar a namorada e beber o seu sangue depois de assistir ao filme. Sensacionalismo a parte, não se pode negar o quanto esse filme é bom e merecedor dos seus bons status.

Curiosidades


  • ·         Christina Ricci, Dominique Swain, Julia Stiles e Evan Rachel Wood fizeram testes para a personagem Claudia.

  • ·         Christian Slater recebeu o personagem Daniel após a morte de River Phoenix, que estava escalado para o papel. Slater deu o seu cachê de US$250 mil para duas instituições de caridade que Phoenix ajudava.

  • ·         Johnny Depp recebeu uma oferta para interpretar o personagem Lestat.

  • ·         Tom Cruise levou cerca de três horas e meia por dia na cadeira de maquiagem.

  • ·         Para interpretar os vampiros, os atores foram obrigados a ficam de cabeça para baixo por 30 minutos para fazer a maquiagem. A ideia é que os maquiadores conseguirem traçar as veias do elenco a fim de trazer uma pele mais translúcida para a maquiagem.

  • ·         O livro explica que Louis fica deprimido não somente pela morte do seu filho, mas também porque ele se sente culpado pela morte do próprio irmão.

  • ·         Brad Pitt revelou que pensou em desistir do projeto por se sentir extremamente desconfortável com as maquiagens e roupas.

  • ·         Tom Cruise exigiu ter um set exclusivo para ele. Para isso, foram construídos túneis para os outros atores passarem. Assim, a maquiagem de Lestat permanecia em segredo até as gravações.

  • ·         Primeira cena de beijo de Kirsten Dunst. A atriz gravou uma cena beijando Brad Pitt e revelou ter se sentido desconfortável com a experiência.

  • ·         Ao descobrir que Tom Cruise protagonizaria no filme, Upon se recusou a assumir a produção do filme. Ela só foi assistir ao filme quando a produtora lhe enviou uma cópia em VHS. Upon, no entanto, ficou tão impressionada com a atuação de Tom Cruise que escreveu uma carta pedindo-lhe desculpas.

  • ·         Primeiro filme a conseguir a permissão para fechar duas pitas na Golden Gate Bridge.

  • ·         Anne Rice não só aprovou a adaptação do seu livro, como declarou no New York Times e no Vanity Fair que o filme se trata de uma obra-prima.

  • ·         Stephen Rea estudou comédia francesa e pantomima (um teatro gestual) para poder interpretar Santiago. A cena em que ele dança no túnel foi inspirada na cena de Fred Astaire em Núpcias Reais (1951).

  • ·         Tom Cruise teve que ficar em uma plataforma especial em algumas cenas para disfarça a diferença de altura entre e os demais atores que também interpretavam vampiros.

  • ·         A propriedade de Louis (Brad Pitt) no começo do filme era, na verdade, uma plantação histórica de carvalho situada no rio de Mississippi, em Vacherie, Louisiana.

  • ·         Há uma cena em que Louis assiste a Superman: O Filme (1978) no cinema. O livro, no entanto, foi escrito dois anos antes do lançamento do filme.

  • ·         Tom Cruise se preparou para o papel de Lestat assistindo vários vídeos de leões atacando zebras na selva.

  • ·         Anos depois, Kirsten Dunst fez uma participação no videoclipe da música 'I Knew I Loved You', da banda Savage Garden, que pegou seu nome de um dos romances de Rice.

  • ·         O Coliseum Theatre, que aparece na cena em que Louis assiste Conspiração Tequila (1988), pegou fogo em 2006.
  • ·         Christian Slater teve que trocar sua agenda de filmagem de Assassinato em Primeiro Grau (1995) para poder trabalhar neste filme.

  • ·         O filme foi escrito em 1976, mas em 1993, foram feitas quase 50 novas tiragens.

  • ·         Oprah Winfrey saiu da sessão de estreia depois das primeiras cenas do filme. Ela ficara incomodada com a quantidade de sangue na trama.

  • ·         Kirsten Dunst foi proibida de assistir ao filme quando este fora divulgado. Os parentes da atriz pensaram que o longa seria assustador demais para ela, na época com 12 anos. 

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Escritor:
XOXO Yastaley

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