O Mundo Surpreendente de Stranger Things

by - abril 30, 2018

Hey People, hoje vamos falar sobre uma das séries mais interessantes dos últimos tempos. Stranger Things apareceu de repente na Netflix e conquistou um grande espaço. Vamos falar sobre ela agora mesmo. Vamos lá! 




Should I Stay Or Should I Go?

A série foi criada e dirigida pelos The Duffer Brothers com produção executiva de Shawn Lavy e Dan Cohen e distribuída pela Netflix, tendo estreado em julho de 2016. Desde lá a série só vem ganhando mais e mais adeptos aficionados por ela. O gênero de ficção e terror é uma das partes que compõem a malha de Stranger Things que mostra a história de uma cidadezinha do estado de Indiana nos Estados Unidos chamada Hawkins onde um laboratório de pesquisas do governo faz experimentos paranormais  com pessoas com habilidades psiônicas termina por envolver a população do local em incidentes desastrosos.


Stranger Things, uma das produções da Netflix de maior sucesso dos últimos tempos causou bastante reboliço. Sua proposta a princípio pode parecer apenas um congérie de fórmulas de outras obras consagradas da TV e cinema, mas basta se aprofundar um pouco no enredo para descobrir que Stranger Things é feita para pessoas que estavam saturadas do “mesmo”. Nos últimos tempos nós do grande público fomos sobrecarregados de efeitos especiais e narrativas simplistas com desfechos que parecem inovadores, mas são recheados de clichês. Sentíamos falta daquela inocência dos anos 80 e 90 que possuíam obras que nos cativavam por sua essência e seu poder de se tornar atemporais, pois até hoje as amamos. Lhe damos os Status de cult e clássicos, por seus méritos. 
Stranger Things não só tem efeitos excelentes, mas também recupera essa essência. Os personagens são bem elaborados e evoluem de forma concreta e verossímil. Possui aquele ar de nostalgia dos anos oitenta e faz transparecer aqueles dias. Quase se sente o cheiro no ar.

Eu entendi a Referência


A série é uma intrincada coleção de outros estilos como os de Stephen Spielberg, John Carpenter e Stephen King que serviram de inspirações para os irmãos Duffer para a criação da série. Podemos ver claramente elementos de “E.T. – o Extraterrestre” (1982), “It – A Coisa” (1990), e é claro, “Os Goonies” (1985). Além disso, grandes autores de terror literário como H.P. Lovecraft, Edgar Alan Poe e o próprio King parecem ter sido usados como base para o enredo da série com o seu terror clássico cheio de mistérios e enigmas que deixam aquelas questões intrigantes no ar a cada episódio. Stephen King chega a ser citado na série e um pôster de Alan Poe pode ser visto numa das cenas da primeira temporada. Bem, mais explícito do que isso impossível.



Além dessas coisas, as referências da cultura dos anos oitenta aparece em peso nessa série. São tão numerosas que fica difícil listar todas. Ao meu ver, isso é mais do que um caráter divertido da série, ou meras homenagens, ou mesmo tentativas de promover a série com elas. Essas referências também são pensadas como um aspecto para firmar ainda mais o clima retrô de Stranger Things, pois as crianças daquela época iriam mesmo jogar aqueles jogos, as pessoas estariam vendo aqueles filmes e escutando aquelas músicas. A verossimilhança que esses Easter Eggs criam, dão ainda mais a impressão daqueles saudosos dias. Algumas são muito legais como para com os filmes “Alien – O Oitavo Passageiro” (1979), “O Exterminador do Futuro” (1984), "O Enigma de Outro Mundo" (1982), “Contatos Imediatos” (1977), “Dona de Casa Por Acaso” (1983), entre muitos outros. Até colocaram um dos Goonies originais que é o Sean Astin e isso foi muito bacana. Mesmo que o desfecho dele tenha me revoltado profundamente.



Algumas referências e Easter Eggs foram tão significativas que ganharam grande destaque nas mídias a fora. Como exemplo está a participação da Xuxa interpretando ela mesma nos anos 80 que foi demais. No vídeo ela recebe uma carta da mãe de Will, a personagem Joyce vivida por Winona Ryder pedindo ajuda para encontrar o seu filho. Xuxa ainda satiriza alguns dos memes mais famosos envolvendo o seu nome como o famoso “Senta lá, Claudia” demonstrando com muito bom humor e até cita as lendas urbanas sobre seus "pactos". Foi muito divertido. Esse vídeo de divulgação da série foi tão bem recebido que concorreu ao prêmio francês do festival de Cannes. Dá pra acreditar numa coisa dessas? 

Aliás, todo os videos de divulgação da série são bons. Houve o da Maria Antonieta de Las Nieves, a nossa queridíssima Chiquinha, um sobre um paralelo do demogorgon com o chupacabras apresentado por Marília Gabriela, e outro como uma propaganda própria dos anos 80. Foram todos bem legais. E todos estão no canal da Netflix Brasil no YouTube. Confere lá, pois são bem bacanas.




Caso você não tenha notado, a fonte do logo de Stranger Things é na verdade a mesma usada no livro de Stephen King, "Trocas Macabras" além de ser comum em cartazes de filmes dos anos 80. E as referências não param. Foram para "Poltergeist" (1982), X-men, Star Wars, Dungeons & Dragons, Indiana Jones, e muitos outros.


Enfim, existem citações de livros, filmes, séries, jogos, animes menções de cientistas famosos entre tantas outras. Provavelmente eu não consegui captar todas, pois algumas além de passar batidas podem ser cultura demais para mim que não conheço tanto. E você caro leitor, conseguiu ver muitas referências?

Manhãs são para Café e Contemplação


O trabalho dos atores também é muito bom no geral. Alguns deles começam timidamente, mas ganham espaço a cada episódio. Exemplos disso são Dustin (Gaten Matarazzo, o meu favorito) e Steve (Joe Keery) que era um jovem um tanto problemático do núcleo dos adolescentes da série, mas que conseguiu elevar a sua importância a partir da segunda temporada. Todas as interações são verdadeiras, e os personagens tem mesmo traços de pessoas reais. Não possuem personalidades inexistentes e nem tomam decisões que uma pessoa qualquer não tomaria diante das suas situações. Possuem traços bem singulares, mas totalmente aceitáveis dentro da realidade. Mesmo Onze (Millie Bobby Brown) é assim, já que ela se comporta exatamente como eu esperaria de uma criança que passou pelas coisas que ela, dada a sua personalidade.


Eu pessoalmente não me conectei tanto com ela como a maioria dos fãs, mas acho ela uma personagem muito interessante e simpática, mesmo sendo mais calada e amedrontada no início. Aliás, nessa matéria eu vou chama-la apenas de Onze e não de Eleven, pois já estou mais acostumado com o termo. Não é errado como algumas pessoas pensam, pois ela é identificada pelo número mesmo, então chamá-la de Eleven no português não faz sentido. Alguns nomes nós não traduzimos do inglês, pois ficariam estranhos, como Raven (Corvo), por exemplo. Outros ficam a critério dos estúdios de dublagem como James (Thiago), por exemplo que podem ser traduzidos, ou não na versão dos Brs.

Dustin é de longe o mais carismático de todos. Ele é fofo, esperto e na minha opinião um dos mais sensatos do núcleo das crianças na série. Como um dos  deuteragonistas, a importância dele está sempre consolidada e não em constante flutuação como Mike (Finn Wolfhard), Will (Noah Schnapp) e a própria Onze. Ele possui uma visão singular e otimista das coisas que eu acho interessante. Eu assim como ele consigo deslocar o ombro daquele jeito, e isso assim como no caso dele sempre causa espanto e desconforto nos outros. Somos muito bizarros.


A primeira temporada foi mais focada na apresentação de Onze e de sua relevância assim como no desaparecimento de Will, enquanto a segunda temporada tem um foco maior no desafortunado rapaz e em sua ligação com o Mundo Invertido. Alguns personagens tem um foco menor do que vimos na primeira temporada como Nancy e Mike e dá maior destaque par Dustin e Lucas por exemplo. Também explora um pouco mais do mundo invertido e das motivações da agência militar que quer explorar aquele mundo. Ficamos até sabendo que Stranger Things vem ganhando muitos prêmios pelo seu enredo surpreendente e sua narrativa que é tão familiar, mas que é construída de forma tão interessante. Existem várias engrenagens funcionando juntas na série. A ficção científica e o drama da luta contra um grupo de déspotas do governo, questões sociais rotineiras e o misterioso e perigoso Mundo Invertido que liga tudo isso. 

A Pulga na Corda Bamba


É claro que existem muitas teorias para esse último, como era de se esperar. Algumas que tentam explicar o que realmente é aquele local. Algumas dizem que se trata não de um universo paralelo, mas sim do nosso mundo num futuro pós-apocalíptico. Isso explicaria o porquê parece existir traços de uma civilização ali, mas destruída. Outra afirma que é uma linha do tempo diferente exatamente no mesmo ano que se passa no mundo normal, mas que as coisas deram errado em algum momento.
Eu pessoalmente acho que aquela entidade das sombras viaja de realidade em realidade eliminando tudo com o caos e a destruição, e agora é a nossa vez de encará-la. Entretanto, não existe motivo para ignorar a explicação dada na própria história sobre o que acontece ali. 

Na série é dito que o Mundo Invertido é uma dimensão paralela que coexiste com a nossa sendo um reflexo da nossa realidade. Por isso uma parece estar ligada a outra e se influenciam mutuamente. Realmente existem indícios de que é o mesmo local, mas espelhado, como a parede que Will se comunicava com a mãe, que era a mesma, mas do lado oposto. Ou objetos colocados no lado oposto de onde estavam no mundo normal. 


O caso é que isso tem muito mais a ver com ciência do que com esoterismo, pois até um grande livro científico muito famoso chamado “A Hipótese dos Muitos Mundos” que Everett lançou em 1957 é citado pelo professor das crianças. Hoje em dia o conceito foi bem mais difundido graças a “Teoria das Super Cordas” que entre outras coisas tende a explicar que seria possível a existência de um Multiverso.

Em termos simples um Multiverso é como se existisse um número infinito de universos semelhantes ao nosso, mas com suas próprias histórias. Pense nos universos como uma bolhinha de gás num copão de refrigerante. Cada um tem uma versão da nossa Terra, e cada Terra tem uma versão de você e o número de universos é incontável, assim como as bolhinhas no copo, outros filmes e séries famosos como “Donnie Darko” (2001), e a série de filmes de ficção “Cloverfield” tem esse elemento como base do enredo.


Esse conceito parece até ter inspirado as temporadas mais recentes da série “Sobrenatural” (Supernatural, no original) onde existem viagens no tempo e entre realidades. Este se tornou um conceito popular em diferentes tipos de mídias, como games, animes, filmes e séries. Não trata apenas de futuros pós-apocalípticos como “Divergente”, “Jogos Vorazes” e filmes assim, mas expande a idéia para mais longe.

Os monstros e seres assustadores de outras dimensões também são bastante inspirados em outras histórias. Vai dizer que não parece muito similar ao “Culto de Cthulho” de Lovecraft? O mistério, o enigma do que aconteceu naquele mundo e as poucas respostas que existem atiçam nossa curiosidade. Os monstros colossais que aparecem no horizonte fazem com que nos perguntemos se eles possuem inteligência ou se são apenas forças amorais passando por ali devagar. Obras como “It – A Coisa” e “o Nevoeiro” de Stephen King me vêm logo na mente. O Nevoeiro principalmente, pois a idéia de o governo abrir um portal para um mundo misterioso e deixar criaturas passar para o nosso mundo é bem familiar daquela obra.


Em todas essas coisas Stranger Things se torna assustadora com momentos medonhos em contraste com as assinaturas vintage da TV dos anos 80. É uma série muito divertida e interessante. Nos prende em seu enredo. Possuí personagens bons e não se despenca de amores por efeitos especiais exagerados a todo o momento. Esses são colocados perfeitamente em seus devidos momentos. Também são muito bem feitos, então só somam positivamente para a série.

Mantenha a porta da Curiosidade Aberta


Felizmente soubemos há algum tempo que a terceira temporada de Stranger Things está confirmada e já teve suas gravações iniciadas. Pois, a Netflix até disponibilizou um vídeo do início das gravações no dia 20 de abril. Nos bastidores vistos no vídeo vemos os atores e os Irmãos Duffer. Além disso, sabemos que alguns novos nomes estarão presentes na nova temporada. E aí? Ansioso pelo que está por vir? Fiquem ligados, pois poderemos trazer novas informações a qualquer momento para vocês.


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Escritor:
 Thiago de França
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1 comentários

  1. Todas as temporadas desta historia estão sendo incríveis. O elenco é sensacional, Finn Wolfhard é excelente, recém o vi em It, ele fez um excelente trabalho como Richie. It: A coisa é a minha história favorita de Stephen King, acho que o novo Pennywise é muito mais escuro e mais assustador, Bill Skarsgård é o indicado para interpretar o palhaço It . Os filmes de terror são meus preferidos, evolucionaram com melhores efeitos visuais e tratam de se superar a eles mesmos. Eu gosto da atmosfera de suspense que geram. E acho que este é um dos melhores, It tem protagonistas sólidos e um roteiro diferente. O clube dos perdedores é muito divertido e acho que os atores são muito talentosos. Já quero ver a segunda parte.

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